quinta-feira, 26 de março de 2009

Túlio Vargas (1929 - 2008)


Odilon Túlio Vargas nasceu em Pirai do Sul, Paraná, no dia 28 de junho de 1929. Túlio Vargas era filho do deputado Rivadavia Vargas e de Dalila Rolim Vargas, é bisneto do célebre sertanista, revolucionário e político Telêmaco Borba. Frequentou escolas do ensino fundamental em cidades do interior de São Paulo e graduou-se pela Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 1954. Depois de formado mudou-se para Maringá, Noroeste do Paraná, onde se elegeu presidente da Associação dos Advogados e fundou o partido Democrata Cristão. Foi o partido pelo qual se elegeu deputado estadual, em 1961, e se reelegeu na legislatura seguinte.Advogado e escritor, Túlio Vargas foi deputado estadual, federal e secretário de estado. Em 1970 elegeu-se para Câmara dos Deputados, em Brasília (DF). Em 1974 foi nomeado secretário de estado de Justiça, no governo Canet Júnior, e posteriormente nos governos de Ney Braga e Hosken de Novais. Ainda na década de 70, em 1978, foi o candidato mais votado na eleição para o Senado Federal.Ainda como político, Túlio Vargas também exerceu a presidência do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul e foi nomeado procurador-geral do estado junto ao Tribunal de Contas do Paraná, cargo em que se aposentou.

Locutor Esportivo
Túlio começou a gostar de rádio aos quinze anos de idade, quando se instalou uma emissora em Itararé, São Paulo, onde ele morava com a sua família. Aquela novidade deixou o jovem empolgado e ele começou a sonhar em ser um locutor de rádio. Foi, no entanto, em Itapeva, uma cidade próxima onde passou a estudar, que Túlio Vargas teve suas primeiras experiências como profissional do microfone, trabalhando como locutor num serviço de alto-falante. Os serviços de alto-falantes eram muito comuns nos anos 40 e neles começaram suas carreiras outros radialistas de sucesso, entre eles Haroldo de Andrade, Vicente Mickosz, Nicolau Nader e Herrera Filho. Vindo para Curitiba, Túlio assumiu a chefia de esportes da Rádio Clube Paranaense em abril de 1947, quando Epaminondas Santos era o proprietário da emissora e Jacinto Cunha era o Gerente. Foram seus colegas de atividade nos programas esportivos Castro Pereira, Machado Neto, Arthur de Souza, Eolo César de Oliveira, entre outros. Naquela época a Rádio Clube Paranaense apresentava seus programas de esporte apenas nos estúdios. Túlio Vargas criou uma série de inovações, lançou as transmissões externas e entrevistas nos mais variados locais, inaugurando uma nova fase na radiofonia do Paraná. Valério Hoerner Júnior, em seu livro "RÁDIO CLUBE PARANAENSE - A PIONEIRA DO PARANÁ", referindo-se a Túlio Vargas escreve: "O primeiro jogo por ele narrado foi Coritiba X Botafogo,no Estádio Belfort Duarte, hoje Couto Pereira. Nessa época começou a ser conhecido como "o mais novo locutor esportivo".

Ainda no livro de Valério encontramos:
Como já foi dito, seu programa principal foi "Bola na Trave", em que promovia entrevistas ao vivo, especialmente geradas do Bar Stuart, ainda na esquina da rua Voluntários da Pátria com a avenida Luiz Xavier, na Praça Osório.

Túlio criou, também, um programa sindical e político, o que demonstrava, já naquela época, a sua tendência para a carreira como homem público, na qual foi brilhante. Em 1947, recebendo tentadora proposta da recém-fundada Rádio Guairacá (hoje Iguaçu), que andava explodindo no Ibope da época, Túlio deixou a Bedois e passou a atuar na nova emissora. Na Guairacá, participou das transmissões esportivas, trabalhando com Rocha Braga, João Féder, e outros, numa fase áurea da "voz nativa da terra dos pinheirais". Túlio Vargas, um dos pioneiros das transmissões esportivas do Rádio paranaense, foi um grande inovador. No final dos anos 40, ele introduziu na Bedois as transmissões externas de eventos esportivos em caráter contínuo. Antes dele, essas transmissões eram feitas eventualmente.

Vida cultural
Tulio Vargas começou a interessar-se pela pesquisa histórica há 10 anos, ao escrever uma biografia de seu bisavô materno, Telêmaco (Augusto Enéas Morocine) Borba (1840-1918), que mereceria o livro "O Indomável Republicano", transformado em calamitosa opereta e cujos prejuízos ainda se fazem sentir. Depois, Tulio pesquisou a vida do Barão do Serro Azul, Ildefonso Pereira Correia (1848-1894), cujo livro biográfico lançou antes de trocar a confortável cadeira de deputado federal pela incômoda Secretaria da Justiça.Na área de história publicou 26 livros ao longo de sua vida, além de “A última viagem do Barão do Cerro Azul” (transformado no filme "O Preço do Paz"), “O Conselheiro Zacarias”, e “História Biográfica da República no Paraná”, entre outros. Para escrever seus livros Tulio fez demoradas pesquisas em jornais e documentos da época, procurando levantar registros que permanecem inéditos. Teve vários artigos publicados no jornal Gazeta do Povo e desde 1994, era presidente da Academia Paranaense de Letras, mas estava afastado, devido à fibrose pulmonar, doença com a qual conviveu por cerca de dois anos. Em 1974 foi eleito para a cadeira No. 23 da Academia Paranaense de Letras da qual foi eleito presidente em 1994.


(Alguns Livros)

O Conselheiro Zacarias: (1815 – 1877)

Jamais deixou o nobre Conselheiro
de utilizar seu mágico talento,
ao defender com garra e prazenteiro
tudo que fosse justo cem por cento.

Se alguém quisesse ser seu companheiro,
indispensável ter discernimento
a distinguir do falso o verdadeiro,
fosse qual fosse a causa, ou o evento.

O timoneiro e magistral Visconde
de São Lourenço enalteceu-lhe a fama
e frente a Cotegipe brada e exclama:

As águias que criei voam por onde
o turvo sol dos néscios mal se esconde
e a luz de Zacarias se derrama.

A Última Viagem do Barão do Serro Azul
Última Viagem do Barão do Serro Azul, A Inspirado neste livro, o produtor Maurício Appel levou para as telas dos cinemas, sob o título de “O Preço da Paz”, a tragédia do Barão do Serro Azul. Libelo contra a violência, a intolerância e a perfídia, o longa-metragem recompõe a imagem fascinante do Barão em meio ao tumulto das paixões que sacudiram aqueles tempos revolucionários. Premiado no Festival de Cinema de Gramado(RS) nas categorias Júri Popular, Produção de Arte e Montagem Técnica, o filme revelou para o Brasil os grandes avanços do Paraná nesse campo, tanto na qualidade técnica ou no primoroso roteiro, quanto na temática instigante e atraente. Serro Azul foi sempre uma figura singular. A desventura aumentou-lhe aquela auréola de encantamento e brilho, que tem causado impacto em sucessivas gerações. Mártir ou herói, tanto o livro, quanto o filme, permitem uma reflexão ou uma revisão sobre o papel que ele desempenhou nessa quase lendária história de pica-paus e maragatos. Então será possível entender as causas determinantes desse drama épico que lhe arrebatou a vida.

Laertes Munhoz: o Mestre Sublime
"Ninguém melhor que o autor, advogado, homem público e historiador de escol, poderia escrever com naturalidade, precisão, beleza e sentimento sobre o grande tribuno, jurista de imensa erudição, que foi Laertes Munhoz. O retrato, que saiu da sua pena, é de assinalada profundidade psicológica. Das páginas do livro, escritas com muita afeição, surgem bem nítidos os traços inconfundíveis de quem foi orador exemplar, conferencista e advogado militante. Ouso apontar entre as circunstâncias a influir na sua decisão de escrever essa biografia, o fato de ter ouvido de primeira mão o testemunho de seu pai, deputado Rivadávia Vargas, também outro homem público de exemplar conduta parlamentar, correligionário e contemporâneo do biografado."
Faleceu em Curitiba a 27 de março de 2008.

Um comentário:

Leo Lobos disse...

gracias por presentarme a Tulio Vargas, un abrazo desde Santiago de Chile

Leo Lobos