quarta-feira, 29 de julho de 2009

Livro com poemas de Marcos Prado terá lançamento no TUC



Será lançada nesta sexta-feira (31.07.09), às 19h30, no Teatro Universitário de Curitiba (TUC), a segunda edição do livro "Ultralyrics", que reúne poemas de Marcos Prado, organizados por Felipe Hirsch. A obra, editada pela primeira vez em 2005 pela Travessa dos Editores, faz uma compilação dos versos e criações do poeta, escritor, tradutor, ator, letrista e compositor curitibano, falecido em dezembro de 1996.

No lançamento, músicas e poemas de Marcos Prado serão interpretados pelos principais parceiros e amigos do autor: Roberto Prado, Thadeu Wojciechowski, Edilson Del Grossi, Os Cervejas, Oswaldo Rios, Edson de Vulcanis, Walmor Góes, Ivan Justen, João Gilberto Tatara, Mônica Berger, Sidail César, Luiz Ferreira e Ieda Godoy. O livro que estará à venda contém encartado o CD "Aquelas músicas de Marcos Prado", do Beijo AA Força, grupo que gravou a maior parte das composições do poeta.

Marcos Prado foi uma das personalidades que marcaram a cena cultural curitibana nos anos 80 e 90. Suas obras compõem importantes coletâneas de poesias. Além do show e da declamação de poemas, será exibido o vídeo "Marcos Prado Tridimensional", produzido por Rafael Lopes.

Serviço:

Lançamento do livro "Ultralyrics" - Poemas de Marcos Prado organizados por Felipe Hirsch.
Local: Teatro Universitário de Curitiba - TUC (Galeria Júlio Moreira - Centro)
Data e horário: 31 de julho de 2009 (sexta-feira), às 19h30
Entrada franca

Fonte: ABN - http://www.abn.com.br/editorias1.php?id=51220


Marcos Prado de Oliveira (Curitiba, 15 de Dezembro de 1961 – 31 de Dezembro de 1996) foi um poeta, músico, ator, jornalista e agitador cultural brasileiro.

Personalidade extremamente vigorosa e carismática, que à sua volta agregou um time excepcional de criadores. Dono de uma extensa cultura artística em geral que com seus parceiros compartilhava, dedicava-se com paixão ao trabalho de recuperação da cultura popular brasileira, especialmente a música dos anos 30 e 40.

Em 1996 foi publicado na Coleção Catatau (co-edição da Fundação Cultural de Curitiba e Editora Iluminuras) O Livro de Poemas de Marcos Prado, uma reunião de material do Livro dos Contrários e de outros trabalhos do autor.

No ano 2000, através do Perhappiness (evento realizado em memória de Paulo Leminski, amigo de Marcos Prado), a cidade de Curitiba lhe prestou homenagem. Seus poemas apareceram em cartazes, exposições, folhetos, outdoors, recitais, peças de teatro, trabalhos com escolares da rede pública, vinhetas em rádio e televisão, pintados em paredes no centro da cidade e em cartazes nos ônibus da capital.

Em 2006 a Travessa dos Editores publicou Ultralyrics, uma edição que tem encartado o CD “Aquelas Canções do Marcos Prado”, com 25 composições suas.

Participou das coletâneas: Sala 17 (1978), Reis Magros (1979), Sangra:Cio (1980), Feiticeiro Inventor (Editora Criar - SP, 1985), Outras Praias/Other Shores- 13 Poetas Emergentes (edição bilíngüe, org. Ricardo Corona, Iluminuras, 1997). Da parceria com Thadeu Wojciechowscki, Roberto Prado, Sérgio Viralobos, Edilson Del Grossi, Edson de Vulcanis, Márcio Cobaia Goedert e a Lagarto Editores, nasceram os livros: Dois Mais Dois São Três Em Um, Pérolas Aos Poukos, Erdeiros do Azar, Eu, Aliás, Nós, Paraguayos do Universo, Passei Minha Mão Na Cara e Três Quadrúpedes Bípedes; e as traduções: O Corvo, de Edgar Allan Poe (1.ª edição, Curitiba, 1985 e 2.ª edição, São Paulo, Ed. Expressão, 1987) e Os Catalépticos (Lagarto Editores, 1991), com “transCriações” sobre Dante Alighieri, Shakespeare, Camões, Yeats, Poe, Baudelaire, Rimbaud e Mickiewicz.

Entre 1990 e 2005, teve muitas de suas composições gravadas pelo grupos Beijo AA Força e Maxixe Machine. Também tem sido gravado – desde o final dos anos 70 - por nomes como: Beto Trindade, Lábia Pop, Tatára, Bernardo Pellegrini, Osvaldo Rios, Walmor Góes, Adriano Sátiro, Sidail César, Zé do Belo. Seu nome é presença certa nas coletâneas: Vampiros de Curitiba (1990), Cemitério de Elefantes (1990) e “1” (1994).

Exerceu papel fundamental na consolidação da cena Psychobilly curitibana, pois vários de seus trabalhos foram gravados por bandas como Os Missionários, Os Cervejas e Ovos Presley, que musicou o poema “Tristes Homens Azuis”. Em 1997, o livro Os Catalépticos inspirou a criação de uma banda homônima formada por integrantes d’Os Missionários e d’Os Cervejas.

Em companhia de seu irmão, o também poeta, jornalista e publicitário Roberto Prado de Oliveira, atuou em várias peças teatrais, shows musicais, recitais e escreveram muitas músicas e livros. Como jornalista, colaborou com diversos publicações impressas. No jornal Folha do Paraná, publicou muitos de seus contos e crônicas. Durante algum tempo, morou entre São Paulo e Rio de Janeiro. Tinha 6 irmãos e deixou uma filha ao falecer.

Alguns Poemas de Marcos Prado:

a mentira é a melhor é a melhor amiga das artes
nela, gelatinosa, as glosas seculares
minúcias de paisagens inexistentes
um coração onde cabe um milhão diferentes

dondoca de agora, amanhã de coturno
segue sempre os passos de um antigo perjuro
a arte imita a arte que imita tudo
e é profunda, é verdade, bem no fundo

mas somos piores que os pintores de florença
ridículos comparados aos poetas de provença
michelângelo cagaria em cima de nossas estátuas
bethoven se limparia com as nossas pautas

que é a nossa dança diante de um delírio índio?
que é um soco nosso perto de um clay vindo?
por que, se finda é a arte, continuar mentindo?
repetir o que se repetiu de novo se repetindo?

**

passarinhos
piem na minha janela
façam uma serenata para mim esta noite
eu preparo as pipocas
e a mesa com frutas
vocês cantam e comem
eu bebo e danço

se a canção for triste
choramos todos juntos
se for alegre, barulho!
os vizinhos que se fodam

caso eles dindon
eu abro a porta: “entrem”
se não quiserem
cagamos na cabeça deles
e recomeçamos
na mesma nota

quando amanhecer, eu sei,
vocês têm trabalho
podem ir, mas já estão convidados
para a noite que vem
e podem trazer o resto da turma

**
Homem Remoto

a televisão carcomeu meu cérebro
assim como a vodca em outro episódio
por ela, espelho, virei vídeo
com ódio e áudio de mim mesmo

minha imagem paralisada, em foco
não tem controle pelo controle remoto
(só o bar Peixoto me faz sair da cama
curitibano tomando pinga com mel em copacabana)

vejo a tv como ela vê a mim, desconhecidos
enfim, como se vêem os íntimos antigos amigos
que não se falam, não se encontram e, sem pressa,
esperam, preferência, a ausência de si como festa

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