domingo, 1 de maio de 2011

Poemas inéditos de Altair de Oliveira*

- I -

FLERTE

Às vezes sinto que flagras
a festa que me promoves
quando teus olhos se movem
e, de repente, me afagam...
Se o teu perfume me traga

a minha boca te chove...
A minha alma se vende
ao fogo que me comove
e acende de onde estiver!

...

- O meu corpo todo te quer,
muher que muito me ascende!!!

Altair de Oliveira, In: "As Provisões Provisórias".
***

- II -

CONFLUÊNCIA PASSIONAL

Imaginem rios que se querem
e se esperem presos pelo cheiro
se arrastem tortos pelo mundo
afagando o leito em desespero...

Imaginem rios que se gostem
e se encostem longos de desejo
e se encontrem prontos de ternura
se misturem cada vez mais beijo
e se deixem em êxtase de espuma
troquem águas, algas, mágoas, peixes...

Altair de Oliveira – In: O Embebedário Diverso
***

- III -

RENEGADA QUEDA

À certa altura da vida,
onde degraus se degradam,
Eu decido ser de descida,
e, num impulso suicida,
saltar os meus sobressaltos
e descer ao ser que acovardo
tomar-lhe os sonhos que guarda,
usar-lhe as asas rasgadas
e tentar cair para o alto.

Altair de Oliveira - In- O Lento Alento

***

- IV -


HERÓIS & DIAS AMENOS

Temos que a vida não dói.
- Viver é tudo que temos!
Ao menos somos os heróis
Da história que nos fazemos.
E, enquanto o tempo nos rói,
Tecemos planos de engenhos...
Vamos em busca de sonhos
Usando de asas e de remos.

Galgamos sobre o passado
Buscando os dias amenos
Tememos sobre o futuro
Que nem sabemos se temos
Jogamos os nossos melhores
Tentando ganhos pequenos
Treinamos poses de heróis
Da história que nós queremos!
Enfim, nós somos assim:
Restos de tudo que fomos
Mas sempre somos heróis
Da história que nos contamos
Nos cremos por maiorais
Que, ao certo, um dia seremos
Morremos sempre no fim...
- Fingimos que não sabemos!

Altair de Oliveira - In- O Lento Alento

***

- V -

A IRRISÓRIA CURA

De só, decido que sofro
e insisto que sobrevivo.
Hesito ao próximo passo
do início do precipício.
Resgato resto de sonhos
do céu do fundo do poço
de ver no vício do riso,
para ascender meus esforços,
indícios de primas veras,
inversos de suicídios...

Altair de Oliveira – In: O Embebedário Diverso.

***
* Altair de Oliveira é Paranaense.
Conheça mais acessando: http://poetaaltairdeoliveira.blogspot.com//

Nenhum comentário: