quarta-feira, 22 de junho de 2011

Machado de Assis, nasceu a 21 de Junho de 1839

Joaquim Maria Machado de Assis, é o maior escritor brasileiro de todos os tempos, o mais extraordinário contista da Língua Portuguesa e um dos raros romancistas de carácter universal, não tanto pela temática mas pela análise certeira e perene da alma humana.
O primeiro documento que pode ser chamado de Literatura Brasileira é a carta de Pêro Vaz de Caminha ao Rei Manuel I de Portugal, em que o Brasil é descrito, em 1500. Nos dois séculos seguintes, a literatura brasileira ficou resumida à descrições de viajantes e à textos religiosos. O neoclassicismo se expandiu no século XVIII na região das Minas Gerais.
Aproximadamente em 1836, o Romantismo afectou a Literatura Brasileira e nesse período, pela primeira vez, a literatura brasileira tomou formas próprias, adquirindo características diferentes da literatura europeia. O Romantismo brasileiro (possuindo uma temática indigenistas), teve como seu maior nome José de Alencar e exaltava as belezas naturais do Brasil e os indígenas brasileiros.
Após o Romantismo, o Realismo se expandiu no Brasil, principalmente pelas obras de Machado de Assis (fundador da Academia Brasileira de Letras)...
A obra de Machado de Assis abrange, praticamente, todos os géneros literários. Na poesia, inicia com o romantismo de Crisálidas (1864) e Falenas (1870), passando pelo Indianismo em Americanas (1875), e o parnasianismo em Ocidentais (1897-1880). Paralelamente, apareciam as colectâneas de Contos fluminenses (1870) e Histórias da meia-noite (1873); os romances Ressurreição (1872), A mão e a luva (1874), Helena (1876) e Iaiá Garcia (1878), considerados como pertencentes ao seu período romântico. A partir daí, Machado de Assis entrou na grande fase das obras-primas, que fogem a qualquer denominação de escola literária e que o tornaram o escritor maior das letras brasileiras e um dos maiores autores da literatura de Língua Portuguesa.

Joaquim Maria Machado de Assis era um menino pobre, neto de escravos, filho de um pintor de paredes e de uma lavadeira portuguesa. Passou a infância num sítio onde sua família trabalhava, na cidade de Ladeira Nova do Livramento, no Rio de Janeiro. Uma pessoa que muito ajudou Joaquim foi sua madrinha Dona Maria José de Mendonça Barroso, viúva do brigadeiro e senador do Império Bento Barroso Pereira, dona da fazenda.
Quando criança, Joaquim teve uma saúde muito frágil. Possuía uma doença chamada epilepsia, que afectava seus movimentos, e também era ga-ga-gago. Divertia-se empinando pipas, caçando lagartixas e ninhos de passarinho. Gostava também de observar as pessoas, ver o que elas faziam, como se comportavam e o que diziam. Assim era ele, curioso que só. Nessa época, ainda pequeno, perdeu sua única irmã e também sua mãe.
Naquela época, quando ainda havia escravidão no País, as pessoas mestiças, que tinham uma cor misturada entre o negro e o branco, sofriam muitos preconceitos. Machado de Assis, por ser neto de escravos, era mulato, e também muito discriminado. E por ser pobre, não tinha condições de estudar em cursos regulares, pois precisava trabalhar para ajudar o pai e a madrasta a sustentarem a casa.
Embora não tenha estudado durante muito tempo, adorava aprender. Em São Cristóvão, conheceu uma senhora francesa, proprietária de uma padaria; lá, o forneiro (encarregado das fornadas de pães) deu as primeiras lições de Francês ao menino.
Aos 14 anos, resolveu que já era hora de enfrentar a vida. Passou a ajudar a madrasta a vender doces. Trabalhou também como caixeiro de livraria (entregava livros nas casas), tipógrafo e revisor.
Havia muita coisa que ele queria aprender. E mesmo sobre as coisas que ele já tinha aprendido, sempre queria saber mais. Queria estudar diferentes línguas, conhecer toda a história, todos os países, ler livros de grandes escritores... Essas coisas, ninguém lhe ensinava, ele estudava e aprendia sozinho mesmo (era autodidacta). Nas horas vagas, estava sempre mergulhado na leitura. Na biblioteca Real Gabinete Português de Leitura, no Rio de Janeiro, pegava muitos livros emprestados e não só os lia, mas também tinha o cuidado de anotar os trechos que lhe traziam ensinamentos. Por esse motivo, desde muito jovem, tornou-se um dos maiores intelectuais do País. Aos 16 anos, publicou seu primeiro poema, "Ela", na revista Marmota Fluminense. E, a partir daí, tornou-se jornalista e cronista.
Naquela época, a profissão de escritor não dava dinheiro suficiente para pagar as contas; por isso, Machado de Assis entrou para o serviço público. Com o tempo, as coisas foram melhorando e sobrou mais tempo para ele escrever.
Foram grandes as dificuldades; mas mesmo assim, por meio de muito esforço, Machado conseguiu superar os desafios e se tornar um escritor talentoso e respeitado.
Em 12 de Novembro de 1869, casou-se com a portuguesa Carolina Xavier de Novaes, com quem teve um casamento feliz e harmonioso durante os 35 anos em que ficaram juntos. Não tiveram filhos. D. Carolina Novaes, mulher culta, apresentou Machado de Assis aos clássicos portugueses e a vários autores da língua inglesa. Em 29 de Setembro de 1908, quatro anos após a morte de sua esposa, Machado de Assis faleceu na cidade do Rio de Janeiro. Sua oração fúnebre foi proferida pelo académico Rui Barbosa.

Comentários a dois contos de Machado de Assis
Memórias Póstumas de Brás Cubas - Por Machado de Assis
A história é narrada por Brás Cubas, um defunto autor que após narrar sua morte e funeral começa a contar a sua vida. Conta a infância, as travessuras, o primeiro namoro com Marcela (interesseira e bela, fica pobre e feia), um namoro com Eugênia (que acaba pobre) e mais tarde seu noivado com Virgília. Como Virgília casa com outro eles mais tarde se tornam amantes. O romance era ajudado por Dona Plácida (que também morre pobre) e acaba quando esta vai para o Norte com o marido. Conta então seu reencontro com o amigo Quincas Borba (primeiro na miséria, depois rico, depois miserável e louco), que lhe expõem sua filosofia, o Humanitismo. Cubas passa seguir o Humanitismo. Já deputado, não se reelege ou se torna ministro e funda um jornal de oposição baseado no Humanitismo. Mais velho se volta para a caridade e morre logo após criar um emplasto que curaria a hipocondria e lhe traria fama.

Quincas Borba - Por Machado de Assis
Continuação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba conta a história do ex-professor primário Pedro Rubião de Alvarenga, que após cuidar do filósofo Quincas Borba até a morte, recebe dele toda a fortuna sob a condição de tomar conta do cachorro, que também tem o nome de Quincas Borba. Rubião muda-se então para o Rio. No caminho conhece o casal Sofia e Cristiano Palha. Apaixonado por Sofia e ingênuo, Rubião vai sendo explorado e aproveitado por todos os amigos, que lhe tomam dinheiro emprestado, lhe pedem favores, jantam em sua casa mesmo quando ele não está, etc. Vai envolvendo-se sem sucesso com a política e perdendo muito dinheiro com gastos exagerados e empréstimos. Cristiano e Sofia (que não corresponde o amor) vão se aproveitando dele muito mais, subtraindo-lhe a fortuna, saindo do estado original de dívidas para um de opulência no final. A medida que o tempo passa, a decadência material e o desespero de não ter correspondido seu amor leva Rubião a enlouquecer. Enquanto no começo travava "discussões" com Quincas Borba (o cão), depois começa a pensar ser Napoleão III e Sofia sua esposa Eugênia. Passa a nomear todos nobres e generais, ter visões, falar sozinho. Quando ao final é internado num manicômio, sua fortuna não é mais 1% do que antes fora. Ele foge do manicômio e volta para Barbacena, de onde saíra após enriquecer, levando apenas Quincas Borba. Enlouquecido e pobre, é recolhido pela comadre e morre louco, corando-se Napoleão III, repetindo incessantemente nos seus últimos dias a célebre frase "Ao vencedor, as batatas!" Narrado em terceira pessoa, cheio de ironia sofisticada, uma personagem feminina dissimulada, uma dúvida constante (Quincas Borba é o título por causa do cão ou do filósofo?).

Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro – Marinha Grande – Portugal
====
Fonte: Portal CEN

Nenhum comentário: