quarta-feira, 27 de julho de 2011

Maria Nascimento Santos Carvalho presta homenagem à União Brasileira de Trovadores

União Brasileira de Trovadores - UBT -
Campos dos Goytacazes. Concurso de Trovas - 2011

Palestra de Maria Nascimento Santos Carvalho
Presidente da União Brasileira de Trovadores UBT -
Seção Rio de Janeiro

Homenagem à UBT e aos Trovadores Campistas
Data: 18 de junho de 2011.
Local: União Brasileira de Trovadores
Seção Campos dos Goytacazes

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Autoridades presentes,
minhas senhoras, senhores,
inspirados concorrentes,
caros irmãos trovadores:

Vir a Campos é um presente
de valor inestimável,
que, além de deixar contente,
une o útil ao agradável.

Nesta homenagem, senhores,
começarei pelas bases,
destacando trovadores
de Campos dos Goytacazes.

Meus amigos:

Cumprindo uma honrosa missão, volto a Campos dos Goytacazes, cidade que amei desde o primeiro olhar, desde os primeiros passos que dei nesta terra gloriosa e apaixonante.

Como disse, foi amor à primeira vista... Vim aqui aplaudir os irmãos Trovadores premiados no Concurso de Trovas, no ano de 1970, e gostei tanto da cidade e de seus habitantes, que, em vez dos dois dias programados, fiquei 10 dias, na casa do casal Conceição e Décio Cunha, na Rua Marquês de Abrantes. Muitas vezes voltei nos anos seguintes, inclusive para receber o prêmio de primeiro lugar do Concurso de Trovas da Associação de Criadores de Canários Campainha.

Fiz uma palestra no encerramento de um dos eventos trovadorescos, substituindo, por motivo de doença, o saudoso Trovador Luiz Otávio, Príncipe dos Trovadores do Brasil, fundador e Presidente Perpétuo da União Brasileira de Trovadores. Naquela oportunidade, recebi o honroso título de "Namorada dos Trovadores Campistas" e, em consequência, fui transformada numa “Trovadora - poligâmica” (por uma boa causa, é claro...).

Assim, amigos, versando a palestra sobre os Trovadores de Campos, creio estarmos fazendo uma justa homenagem a Campos dos Goytacazes, esta terra acolhedora, de povo solidário e hospitaleiro.

A seleção que será a seguir apresentada foi feita de acordo com os três volumes da “Coletânea Trovadores do Brasil” dos anos 1965, 1967 e 1970, organizada pelo saudoso irmão-trovador Aparício Fernandes. Vejamos:

-Antônio Augusto de Assis (A. A. de Assis): nascido em São Fidélis, é um dos mais notáveis trovadores brasileiros. Ainda bem jovem, criou asas, alçou grandes voos, radicando-se em Maringá/PR onde presta grandes serviços à educação, às letras e à cultura. Escreveu a conhecida “Missa em Trovas”, texto usado oficialmente na celebração de missas solenes nos Jogos Florais e Concursos de Trovas. Recentemente recebeu o título de Cidadão Maringaense por seus indiscutíveis méritos.

Deus fez a Terra... e, ao fazê-la,
deu-lhe o toque comovente:
fez o céu para envolvê-la
num pacote de presente!

-Constantino Gonçalves
Viola dos meus amores,
levo-te pelos caminhos,
para que faças de flores
e estrada que tenha espinhos.

-Denancy Mello Anomal:
Para que possa correr
e alcançar vasto horizonte,
a trova tem que nascer
como nasce a água na fonte.

-Heraldo Lisboa (De Dores de Macabu): Presidente do Grêmio Brasileiro de Trovadores – Seção juvenil, e, posteriormente, sócio da UBT - RJ.

A Maria Aparecida
é moça para se ver:
- Além do nome, a bandida
deixa tudo aparecer...

-José Carlos Guimarães: autor de trovas de rimas simples, consideradas quadras, que raramente eram classificadas nos Concursos e Jogos Florais.

No coração, sendo mancha
de minha ilusão perdida,
saudade é traço marcante
que levo por esta vida!

-Jesy Barbosa: poetisa e cantora, eleita na década de cinquenta “Rainha da Canção Brasileira”.

Quanto mais teu corpo enlaço,
mais padeço o meu tormento,
por saber que meu abraço
não prende teu pensamento.

-Maria de Lourdes Póvoa Bley:
Minha vida... nossas vidas...
algum dia se encontraram
e ficaram tão unidas
que nunca se separaram...

-Pedro Manhães: talvez o Trovador mais conhecido da cidade campista. Era poeta, jornalista, membro da Academia Pedralva de Letras e Artes, do Instituto Campista de Literatura e da UBT – Seção de Campos. Faleceu em 15 de dezembro de 1989.

Ai, amor, doce segredo
que não se vê, mas se sente ...
- razão de um eterno enredo
na vida de toda gente!

-Rodrigues Crespo:
Não me chames de senhor,
que não sou tão velho assim.
E ao teu lado, meu amor,
não sou senhor nem de mim...

-Sílvio Fontoura: Utilizou rima simples numa quadra de excelente qualidade.
Nós todos somos assim,
em qualquer situação:
- Se a razão é contra nós.
nós somos contra a razão.

-Antônio Carlos Teixeira Pinto:
Não consigo, madrugada,
de forma alguma entendê-la:
A cada flor despertada,
ter de morrer uma estrela!

-João Antonio de Azevedo Cruz: aderiu, na maioria da sua obra trovadoresca, as rimas do 1º com o 4º verso e do 2º com o 3º:

Teu nome, posto no meio
da frase, tem a virtude
de dar à frase mais rude
os ares de um galanteio.

-Cid Andrade:
Hei de guardar, na lembrança,
lembranças dos bons momentos...
- Se o meu amor não te alcança,
te alcançam meus pensamentos!

-João Rodrigues de Oliveira: tinha predileção pelas trovas brejeiras.
Sempre foi tão reverente
e tão pegado à etiqueta,
que, quando perde um parente,
só toma cerveja preta.

-João José Marques Tavares:
Se eu ficasse cego, iria
em pouco tempo morrer.
É que, amor, me mataria
a vontade de te ver.

-Phocion Serpa:
A saudade é uma cortina
de tecido singular,
banhada de luz divina,
cor do céu e cor do mar...

-Álvaro Duarte Barcelos: nascido em 1905, sócio fundador da Associação Campista de Imprensa e da Academia Campista de Letras. Na década de 60 já clamava a Deus pelos menos favorecidos.

Ó Deus, por que não condenas
os que esqueceram Teu nome,
e deixam a duras penas
os pobres passando fome?

-Ângela Maria Sarmet Moreira:
Mãe! Tens de neve os cabelos,
alma pura de menina...
Os teus olhos... só por vê-los
o meu olhar se ilumina.

-Durval Coutinho Lobo:
A Vida na solidão
é também felicidade,
quando o amor no coração
se transfigura em saudade.

-Isimbardo Peixoto:
Poemas já fiz diversos
àquela que é meu tormento,
porém meus melhores versos
eu lhe escrevo em pensamento.

-Milton Nunes Loureiro: saudoso Presidente da UBT-Niterói. Realizou 40 Jogos Florais durante suas vitoriosas gestões. Faleceu em 31.01.2011.

Vivo a espera na lembrança,
mas não sei, amor, porque,
já perdi toda esperança
de me esquecer de você.

-Antônio Manoel Abreu Sardenberg: também nascido em São Fidélis. É o criador do conceituado site “Alma de Poeta”, que congrega uma infinidade de obras literárias de autores consagrados. Também, presta um grande serviço à língua pátria, divulgando cultura pela internet. É delegado da UBT-São Fidélis, já tendo realizado vários encontros e concursos literários.

A verdade nos maltrata
nesta lição contundente:
saudade que não se mata,
aos pouquinhos mata a gente.

-Antônio Roberto Fernandes: também natural de São Fidélis, tem, no entanto, sua vida literária e profissional ligada a Campos. Foi o grande incentivador e comandante do “Café Literário”.

Sou feliz! Não vivo ao lado
das estrelas na amplidão,
mas posso ter um punhado
de vagalumes na mão!

Prata Tavares: de Conceição de Macabu, mas radicado em Campos, exerceu a profissão de radialista e jornalista, sendo redator-chefe do jornal “A Cidade”:

Roubei-te um beijo outro dia,
todo nervoso, afobado,
e fazendo-o, quem diria
que roubando fui roubado!

-Sonia Vasconcellos:
No trem do meu casamento
a sogra pegou carona.
Se a vida a dois é tormento,
vida a três é maratona!

-Walter Siqueira: de Quissamã. Foi fundador da Academia Pedralva de Letras e seu Presidente desde a sua fundação, em 1947, até 1954. Membro da Academia Campista de Letras, do Instituto Campista de Literatura e da União Brasileira de Trovadores. Foi, portanto, o quissamaense mais campista que já existiu.

Quando, manhã, bem cedinho,
abrindo os olhos desperto,
através do teu carinho,
vejo logo um céu aberto!

-Latour Neves Silva Arueira: o saudoso Latour Arueira era jornalista atuante. Foi presidente da Academia Pedralva de Letras de Campos de 1972 a 1974 e durante muitos anos presidiu o Conselho Nacional da UBT. Assíduo frequentador das reuniões da UBT-Seção Rio de Janeiro.

Eis que o destino descobre
a sorte que Deus me deu...
Ninguém no mundo é mais pobre
e nem mais feliz do que eu...

-Agostinho Rodrigues: Radicado na cidade de Campos dos Goytacazes, e redator do boletim literário "Navegando na Poesia", de grande sucesso em todo o Brasil.

Minha fonte respeitada,
que eu amava com fervor,
hoje está purificada
junto a Deus, Nosso senhor!

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À Neiva de Souza Fernandes, Trovadora Ilustre e Delegada da UBT – Campos, que, corajosamente idealizou este certame de Trovas, almejamos que realize muitos outros, com o apoio da comunidade campista, para elevar cada vez mais o nome de Campos dos Goytacazes. Como homenagem ao seu desprendimento e dedicação constantes, registramos uma de suas inúmeras Trovas:

Quem me dera alguém pudesse
entender meu sentimento.
Seria a trova uma prece
para o fim do sofrimento!

E eu fui falando ... falando,
quase esquecendo o presente...
Mas volto lhes confessando
o que hoje a minha alma sente...

Permitam - me lhes dizer,
com infinita humildade,
que nem sei como conter
meu grau de felicidade...

Estou realmente encantada
por tudo que me fizeram,
e levo na alma guardada
toda a atenção que me deram.

Em meio a tanta afeição
a minha emoção é tanta
que as frases de gratidão
morrem presas na garganta.

Pela amizade, que fez
maravilhoso o meu dia,
eu partilho com vocês
a minha grande alegria.

Caros irmãos Trovadores:
- Num preito de gratidão,
trouxe-lhes milhões de flores
no jardim do coração.

Que a Neiva, dia após dia,
tendo idéia sempre nova,
como nova estrela guia
guie os destinos da Trova...

Pessoalmente e em nome e da União Brasileira de Trovadores - Seção Rio de Janeiro, cumprimento a querida Irmã Trovadora Neiva de Souza Fernandes, D.D. Delegada da UBT de Campos dos Goytacazes, aos demais dirigentes, sócios, amigos da trova. Agradeço também ao Magnífico Trovador Edmar Japiassú Maia, que me indicou para mostrar esses “Dois Dedos de Trovas”. E a todos que testemunharam a alegria que se reflete no meu semblante e cala em minha alma, finalizo dizendo:

Deus é tão amigo dos poetas que lhes deu inspiração para cantar, em versos, a grandiosidade da Natureza e dotou o “homem comum” de sensibilidade para entender a bendita linguagem do amor e da Poesia ...

Maria Nascimento Santos Carvalho

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