segunda-feira, 18 de julho de 2011

UBT-CURITIBA Saúda os Trovadores em seu dia!

Quando a trova ganha espaço,
sente a extensão incompleta,
pois o "muito" ainda é escasso
para a emoção de um poeta.
Vanda Fagundes Queiróz

Hoje 18 de julho comemora-se em todo o Brasil, o Dia do Trovador. A União Brasileira de Trovadores Seção de Curitiba (UBT-Ctba) presta homenagem aos trovadores em seu dia, com as belissimas trovas de Vanda Fagundes Queiróz e Carolina Ramos, mais um breve video com inúmeras trovas exaltando os trovadores além da pesquisa realizada pelo escritor Português Carlos Leite Ribeiro e artigo da lavra de Eliana Ruiz Jimenez que retrata a Trova no Brasil.


O tempo, que não consome
o viço da Rosa, prova
que, Luiz Otávio, o teu nome
perfuma a História da Trova!
Carolina Ramos


Para visualizar o video em seu tamanho origial acesse o link:
http://youtu.be/piXwQGfuQD4

Dia do Trovador
18 de Julho
Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro

Trovadores
O termo Idade Média foi criado pelos Europeus no século XVII para expressar a ideia de que entre sua época e a Antiguidade Clássica (Grego e Romana) tinha havido uma obscura fase intermediária. No entanto, entre 600 e 1500, datas que aproximadamente marcam o início e o fim da Idade Média, ocorreram vários fatos importantes que não é possível caracterizar o período de modo tão simplista.
No início da Idade Média, por volta dos anos de 600 a 1050, o nível de realização material e intelectual era baixíssimo. O Camponês vivia miseravelmente. Somente uma minoria leiga e eclesiástica possuía propriedades. Os que não possuíam terras, só tinham uma alternativa, a Servidão. O Feudo era unidade de produção e o Servo achava-se vinculado ao Senhor por uma espécie de contrato que implicava em direitos e obrigações recíprocas. A força militar dos Senhores Feudais estava na Cavalaria. Para pertencer a Cavalaria era preciso ser nobre e para ser nobre precisava ter certos recursos, como cavalo, arreios, armas e ajudantes.
Para serem observadas as habilidades dos Cavaleiros eram organizados Torneios, onde os Cavaleiros tinham o corpo protegido por Armaduras, uma protecção de metal que ia dos pés à cabeça do Guerreiro.
A Ordem dos Cavaleiros de Malta foi fundada em 1099, por Gerard de Tom e tinha por meta encargos militares para defender o Cristianismo da expansão dos Muçulmanos. Em 1880 o Papa Leão XIII concedeu à Ordem a Igreja de São Basílio, em Roma e a Ordem está organizada até os dias actuais em cerca de 40 países e dedica-se à actividade assistencial, com hospitais e asilos no Mundo. O nome Malta vem da ilha para onde foram localizados em 1522, onde permaneceram até 1798, quando a ilha foi conquistada por Napoleão Bonaparte.
No século XII Portugal se constitui numa Nação Independente (1113), época também quando começa o processo de urbanização da Europa, com expansão dos povoados, que se transformam em cidades. Uma característica do homem medieval é que ele vivia imerso no Catolicismo desde o nascimento até a morte.
A Universidade é uma criação medieval. Com esse nome, designava-se uma organização geral de professores e estudantes. Os estudantes contratavam professores e durante quatro anos estudava gramática, lógica e retórica e se passasse nos exames, obtinha o grau de bacharel em artes e para garantir a vida profissional estudava mais alguns anos pra obter o grau de Mestre de Artes e mais tarde o grau de doutor em Direito, Medicina ou teologia. A primeira Universidade foi de Bolonha, na Itália, fundada em 1088.
Trovadorismo: Durante os séculos XII, XIII e XIV, desenvolveu-se em Portugal o Movimento Poético que ficou conhecido por Trovadorismo. Produziam-se Cantigas, que eram poemas feitos para serem cantados ao som de instrumentos musicais como a Flauta, a Viola, o Alaúde e outros. O cantor dessas composições poéticas era chamado de Jogral e o autor recebia o nome de Trovador, daí a denominação dada a esse período de Trovadorismo.
O centro irradiador do Trovadorismo na Península Ibérica (Portugal e Espanha) foi a região que compreende o norte de Portugal e a Galiza. Na Galiza havia a Catedral de Santiago de Compostela, construção iniciada em 1075, famoso centro de peregrinações religiosas que atraía e atrai até hoje, milhares de pessoas.
As Cantigas Medievais era apresentadas com acompanhamento musical. As Letras de Canções feitas pelos Trovadores eram cantadas pelos Jograis. Os Jograis passam a condição de Artistas Ambulantes, animando festas em Cidades, Castelos e Torneios. Hoje os Jograis são os Cantadores de Viola. Hoje milhares de pessoas ouvem nas emissoras de Rádio, músicas que falam dos mesmos temas das Cantigas Medievais: Amores não correspondidos, Saudades, etc...
No Período destacam-se os Trovadores galaico-portugueses da Península Ibérica e os Trovadores de Provença, no sul da França, onde no século XI floresceu um rico movimento poético que se espalhou por toda a Europa.
No Género Lírico eram feitas Cantigas de Amor e de Amigo. Mas nem só de amor falavam os Trovadores, construindo poemas satíricos, as chamadas Cantigas de Maldizer e de Escárnio, atacando e satirizando pessoas.
Novelas de Cavalaria : Os Jograis passam a cantar históricos poemas dos Trovadores, descrevendo romances e duelos e brigas dos Cavaleiros. Surge então as Novelas de Cavalarias cujo texto feito pelo Trovador cantava os combates entre vilões e heróis, raptos de donzelas e final feliz. As novelas de Cavalaria constituem exemplo expressivo da influência dos povos ibéricos na formação da Cultura Brasileira. Trazidas pelos Colonizadores, essas narrativas acabaram se incorporando à nossa cultura popular, principalmente a da Região Nordestina, onde a Literatura de Cordel até hoje reflecte essa influência.

Trovadorismo galaico-português
Na Idade Média, a poesia na Península Ibérica era composta e cantada por jograis, que, nas ruas ou na corte, criavam uma arte que viria a constituir um dos momentos mais fascinantes da História da Literatura. Esta série de textos pretende fazer uma sucinta apresentação acerca das principais figuras do mundo jogralesco: os trovadores, os jograis e as soldadeiras.
É difícil estabelecer com precisão o período de tempo em que se inscreve o Trovadorismo galaico-português. Seu princípio é comummente situado em 1196, provável época em que surgiu a cantiga Ora faz ost' o senhor de Navarra, um cacique político de Johan Soarez de Pávia, o mais antigo registro de que dispomos até o presente momento; quanto ao momento em que a lírica galaico-portuguesa cede lugar à chamada galaico-castelhana, portanto o que seria a época de seu término, geralmente são adoptados critérios não estritamente literários, mas materiais: como observa Giuseppe Tavani, o que ocorre é que a poesia do fim do século XIII e princípio do século XIV foi preservada no chamado Cancioneiro de Baena, compilado por volta de 1430, e passou-se a tomar tudo aquilo que nele está como sendo o corpus da poesia galaico-castelhana, embora haja nele textos muito próximos, temática e formular mente, aos cancioneiros galaico-portugueses (Cancioneiro da Ajuda, Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa e Cancioneiro da Biblioteca Apostólica Vaticana). De todo modo, em meio ao não pequeno conjunto de dificuldades relacionados a esta datação, é possível adoptar como limite o ano de 1354, uma vez que é este o ano da morte de D. Pedro, o conde de Barcelos, o último representante conhecido deste momento literário em que a influência cultural dos trovadores provençais se fazia notar, seja como modelo (caso, grosso modo, das cantigas de amor), seja como princípio catalisador de uma poesia autóctone (caso, grosso modo, das cantigas de amigo).
No entanto, deixando de lado estas labirínticas discussões, o que importa ressaltar é que o Trovadorismo galaico-português – assim chamado, aliás, devido à linguagem literária adoptada por poetas das mais diversas origens: o galaico-português (ou galego-português) – foi um período literário de riqueza indiscutível, que não apenas nos legou algumas obras de beleza incomparável (como a conhecida cantiga de Martin Codax: "Ondas do mar de Vigo, / se vistes meu amigo? / E ay Deus, se verrá cedo!"), como continua a fascinar alguns dos maiores poetas de nosso tempo – pensemos em Manuel Bandeira, Mário de Andrade e Cecília Meireles, por exemplo. Mas quem eram aqueles poetas? Como viviam, como se formavam?
Durante muito tempo, acreditou-se havia três tipos de poetas na época do trovadorismo: os trovadores, concebidos como poetas e compositores de origem nobre; os segréis, também nobres, mas que dispunham de poucos recursos, sendo por isso obrigados a lançar mão da poesia e da música como meio de subsistência; e os jograis, artistas de origem não nobre, que sobreviviam tocando e cantando as composições dos trovadores – todos acompanhados pelas soldadeiras, cantoras e dançarinas que se exibiam em suas apresentações. As fontes para o estabelecimento dessas categorias eram as próprias composições dos cancioneiros e a Declaratio de Afonso X, uma composição criada com a finalidade de "organizar" as diferentes categorias do mundo trovadoresco, de maneira a separar as camadas inferiores, como os "cazurros" – jograis que faziam exibições nas ruas e praças, mais ou menos comparáveis aos actuais "artistas de rua", – dos jograis de origem mais nobre ou melhor formação.
Entretanto, mais recentemente, pesquisadores como Valeria Pizzorusso e António Resende de Oliveira têm proposto novas formas de compreensão do mundo jogralesco que resolvem melhor as contradições e incoerências subjacentes a esta análise "tradicional". Ocorre que, embora as cantigas identifiquem o segrel ao jogral, a Declaratio aparentemente o associa ao trovador, ao dizer que este era qualificado, nas cortes, como segrel. Desta forma, passou-se a considerar que o termo "trovador" não é um substantivo, mas um adjectivo que qualifica um tipo específico de jogral. Quanto ao termo "segrel", aparentemente trata-se apenas de um termo utilizado como sinónimo para "jogral", durante um período de tempo específico (meados do século XIII), na região de Castela. O que podemos inferir a partir das pesquisas mais actuais é que o termo "jogral" era utilizado como referência a todos os que ganhavam a vida realizando espectáculos perante um público, utilizando os mais diversos recursos: a música, a literatura, a prestidigitação, as acrobacias etc. Os jograis provavelmente haviam surgido dos antigos artistas que, na Antiguidade, apresentavam espectáculos de mímica e declamações, fosse nas ruas e praças, fosse nos palácios reais. Segundo Ramón Menéndez Pidal, o termo seria derivado de joculator, termo utilizado na Europa, no século VII, para denominar os artistas que se apresentavam para o rei ou para o povo.
Henrique Marques Samyn

Designa-se por Trovadorismo o período que engloba a produção literária de Portugal durante seus primeiros séculos de existência (séc. XII ao XV). No âmbito da poesia, a tónica são mesmo as Cantigas em suas modalidades; enquanto a prosa apresenta as Novelas de Cavalaria. A vida do homem medieval é totalmente norteada pelos valores religiosos e para a salvação da alma. O maior temor humano era a ideia do inferno que torna o ser medieval submisso à Igreja e seus representantes. São comuns procissões, romarias, construção de templos religiosos, missas etc. A arte reflecte, então, esse sentimento religioso em que tudo gira em torno de Deus. Por isso, essa época é chamada de Teocêntrica. As relações sociais estão baseadas também na submissão aos senhores feudais. Estes eram os detentores da posse da terra, habitavam castelos e exerciam o poder absoluto sobre seus servos ou vassalos. Há bastante distanciamento entre as classes sociais, marcando bem a superioridade de uma sobre a outra. O marco inicial do Trovadorismo data da primeira cantiga feita por Paio Soares Taveirós, provavelmente em 1198, intitulada Cantiga da Ribeirinha. A poesia desta época compõe-se basicamente de cantigas, geralmente com acompanhamento de instrumentos (alaúde, flauta, viola, gaita etc.). Quem escrevia e cantava essas poesias musicadas eram os jograis e os trovadores. Estes últimos deram origem ao nome deste estilo de época português. Mais tarde, as cantigas foram compiladas em Cancioneiros. Os mais importantes Cancioneiros desta época são o da Ajuda, o da Biblioteca Nacional e o do Vaticano.
As cantigas eram cantadas no idioma galego-português e dividem-se em dois tipos: líricas (de amor e de amigo) e satíricas (de escárnio e maldizer). Do ponto de vista literário, as cantigas líricas apresentam maior potencial pois formam a base da poesia lírica portuguesa e até brasileira. Já as cantigas satíricas, geralmente, tratavam de personalidades da época, numa linguagem popular e muitas vezes obscena.
Cantigas de amor
Origem da Provença, região da França, trazidas através dos eventos religiosos e contactos entre as cortes. Tratam, geralmente, de um relacionamento amoroso, em que o trovador canta seu amor a uma dama, normalmente de posição social superior, inatingível. Reflectindo a relação social de servidão, o trovador roga a dama que aceite sua dedicação e submissão.
Cantigas de amigo
Neste tipo de texto, quem fala é a mulher e não o homem. O trovador compõe a cantiga, mas o ponto de vista é feminino, mostrando o outro lado do relacionamento amoroso - o sofrimento da mulher à espera do namorado (chamado "amigo"), a dor do amor não correspondido, as saudades, os ciúmes, as confissões da mulher a suas amigas, etc. Os elementos da natureza estão sempre presentes, além de pessoas do ambiente familiar, evidenciando o carácter popular da cantiga de amigo.
Cantigas satíricas
Aqui os trovadores preocupavam-se em denunciar os falsos valores morais vigentes, atingindo todas as classes sociais: senhores feudais, clérigos, povo e até eles próprios.
Cantigas de escárnio - crítica indirecta e irónica
Cantigas de maldizer - crítica directa e mais grosseira
A prosa medieval retrata com mais detalhes o ambiente histórico-social desta época. A temática das novelas medievais está ligada à vida dos cavaleiros medievais e também à religião.
A Demanda do Santo Graal é a novela mais importante para a literatura portuguesa. Ela retrata as aventuras dos cavaleiros do Rei Artur em busca do cálice sagrado (Santo Graal). Este cálice conteria o sangue recolhido por José de Arimatéia, quando Cristo estava crucificado. Esta busca (demanda) é repleta de simbolismo religioso, e o valoroso cavaleiro Galaaz consegue o cálice.

Textos

Cantiga de Amor

Senhora minha, desde que vos vi,
lutei para ocultar esta paixão
que me tomou inteiro o coração;
mas não o posso mais e decidi
que saibam todos o meu grande amor,
a tristeza que tenho, a imensa dor
que sofro desde o dia em que vos vi.

Quando souberem que por vós sofri
Tamanha pena, pesa-me, senhora,
que diga alguém, vendo-me triste agora,
que por vossa crueza padeci,
eu, que sempre vos quis mais que ninguém,
e nunca me quiseste fazer bem,
nem ao menos saber o que eu sofri.

E quando eu vir, senhora, que o pesar
que me causais me vai levar à morte,
direi, chorando minha triste sorte:
"Senhor, porque me vão assim matar?"
E, vendo-me tão triste e sem prazer,
todos, senhora, irão compreender
que só de vós me vem este pesar.

Já que assim é, eu venho-vos rogar
que queirais pelo menos consentir
que passe a minha vida a vos servir,
e que possa dizer em meu cantar
que esta mulher, que em seu poder me tem,
sois vós, senhora minha, vós, meu bem;
graça maior não ousarei rogar.
(Afonso Fernandes)

Cantiga de Amigo

Enquanto Deus me der vida,
viverei triste e coitada,
porque se foi meu amigo,
e disso fui a culpada,
pois que me zanguei com ele
quando daqui se partia:
por Deus, se agira voltasse,
muito alegre eu ficaria.

E sei que andei muito mal
em zangar-me como fiz,
porque ele não o merecia
e se foi muito infeliz,
pois que me zanguei com ele
quando daqui se partia:
por Deus, se agira voltasse,
muito alegre eu ficaria.

Certamente ele supõe
que comigo está perdido,
do contrário, voltaria,
porém, sente-se ofendido,
pois que me zanguei com ele
quando daqui se partia:
por Deus, se agira voltasse,
muito alegre eu ficaria.
( Juan Lopes)

Cantiga de Escárnio

Conheceis uma donzela
por quem trovei e a que um dia
chamei de Dona Beringela?
nunca tamanha porfia
vi nem mais disparatada.
Agora que está casada
chamam-lhe Dona Maria.

Algo me traz enjoado,
assim o céu me defenda:
um que está a bom recato
(negra morte o surpreenda
e o Demónio cedo o tome!)
quis chamá-la pelo nome
e chamou-lhe Dona Ousenda.

Pois que se tem por formosa
quanto mais achar-se pode,
pela Virgem gloriosa!
um homem que cheira a bode
e cedo morra na forca
quando lhe cerrava a boca
chamou-lhe Dona Gondrode.
(Dom Afonso Sanches - Filho de D. Dinis)

Cantiga de Maldizer

Ai dona fea! Foste-vos queixar
Que vos nunca louv'en meu trobar
Mais ora quero fazer un cantar
En que vos loarei toda via;
E vedes como vos quero loar:
Dona fea, velha e sandia!

Ai dona fea! Se Deus mi pardon!
E pois havedes tan gran coraçon
Que vos eu loe en esta razon,
Vos quero já loar toda via;
E vedes qual será a loaçon:
Dona fea, velha e sandia!

Dona fea, nunca vos eu loei
En meu trobar, pero muito trobei;
Mais ora já en bom cantar farei
En que vos loarei toda via;
E direi-vos como vos loarei:
Dona fea, velha e sandia!
(João Garcia de Guilhade)

Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro - Marinha Grande - Portugal
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DIA DO TROVADOR
Por Eliana Ruiz Jimenez
Balneário Camboriú/SC

O poeta é detentor de uma sensibilidade aguçada e tem a necessidade de compartilhar a sua visão emocional e os seus sentimentos com as outras pessoas, transformando essas impressões em versos, que podem ser livres, ou em formatos predeterminados, como na trova, por exemplo.

Os versos livres costumam surgir de repente e arrebatam o poeta onde ele estiver. É preciso segurar a ideia, transpô-la imediatamente para o papel antes que o sopro inspirador se dilua e as palavras se percam.

Já a trova é a expressão poética trabalhada. De formato rígido, requer métrica e rimas, além da expressão de um pensamento completo em quatro versos, sendo que o último arremata a reflexão com um grande final.

Habilidoso, o trovador precisa adequar o querer dizer na precisão das sete sílabas tônicas e ainda provocar no leitor a empatia com a saudade sentida, com o coração partido e – por que não dizer? – com as reminiscências que cada um traz consigo.

Audacioso, o trovador elabora a trova com sofisticação, procurando justapor as palavras num encaixe cuidadoso, observando tanto a forma como a sonoridade, procurando a rima inédita, notável. Vale pensar, refazer, pois o que importa é o resultado perfeito.

A trova é, portanto, a ideia sintetizada, a comunicação imediata, que pode trazer tanto um pensamento filosófico como a sabedoria da experiência, o humor ou o lirismo.

Quando finalmente pronta, a trova é como o filho criado, independente, que percorre o mundo levando a mensagem de seu criador.

Nesse oceano de trovas brilhantes, os trovadores são amigos fraternos que, embalados pela mesma inspiração poética, vão compartilhando a vida nos versos, falem eles das dores sentidas ou das alegrias da jornada.

No dia 18 de julho, data de nascimento de Luiz Otávio, responsável pela consolidação do movimento trovadoresco no Brasil, é comemorado o dia do trovador, data em que todos os poetas e admiradores dessa bela e requintada expressão poética relembram o saudoso e querido amigo, principalmente com a leitura de suas belas trovas, tão contemporâneas, que nos deixam a certeza de um homem que viveu à frente de seu tempo e que assim escrevia:

Meus sentimentos diversos
prendo em poemas pequenos.
Quem na vida deixa versos,
parece que morre menos.

*
Pelo tamanho não deves
medir valor de ninguém;
sendo quatro versos breves,
como a trova nos faz bem!

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