sábado, 10 de setembro de 2011

Revista Escrita 17: A Arte Pulsa

Em nova edição, Revista Escrita
apresenta a arte em palavras e imagens.

Movimento é o que põe a vida em fluxo, em funcionamento, em contato com certezas e contradições. É a amplificação da própria condição humana que se nega a bastar-se em si mesma. Acompanhando o movimento da arte e da expressão e, algumas vezes, o fazendo fluir, a Associação Guatá apresenta mais uma edição da Revista Escrita, publicação artística da entidade iguaçuense.

Com esta edição 17, em circulação, a revista mantém a proposta de ser uma publicação que não impõe fronteiras e nem limites, reunindo em suas páginas autores, artistas e praticantes da literatura e das artes visuais derivados das mais diferentes localidades deste vasto mundo, cada qual com a sua experiência, estilo e intenções próprias.

Desta combinação, Escrita pretende oferecer a seus leitores, trocas e comunicações, interpretações e sensações retiradas da aventura humana, impressões possíveis de serem compartilhadas apenas na forma criativa e sensível do trabalho artístico.

Distribuídos entre as seções “Olhos” e “Palavra”, desenhos, fotografias, esculturas, grafismos e outras formas visuais se somam a poemas, contos, crônicas, ensaios e textos de opinião, conformando as áreas de abrangência do repertório de literatura e arte da publicação.

LÍNGUAS E LINGUAGENS - O professor da escola pública e dirigente sindical, Silvio Borges, que participa da edição 17, comenta sobre as várias linguagens e formas de expressão da Revista Escrita e seu uso em sala de aula. "A revista é um canal para que o professor de línguas que está na sala de aula, exponha e discuta as concepções de linguagem que temos, não só dentro do universo escolar, mas na realidade social como um todo", resume o professor, que leciona no Colégio Estadual Almiro Sartori, em um bairro popular da cidade. Convidado a escrever, Borges lançou a sua opinião sobre variações lingüísticas na língua portuguesa, na coluna “Um toque”.

Em outro ensaio, o jornalista Alexandre Palmar conta um pouco da experiência de resgatar a memória do jornal Nosso Tempo, publicação rebelde realizada em Foz do Iguaçu, durante a década de 1980, que ajudou a combater a ditadura militar.

A Revista Escrita 17, como sempre, traz os autores da cidade e da região. A costureira Rita Dorta, de Foz do Iguaçu, participa com uma foto produzida no interior do Mato Grosso. Com ela, estão as poesias da bióloga Angela Tischner, da estudante de medicina, Isis Araújo, da pedagoga Mayumi Takahashi e da garçonete Sol Kommers.
Ainda na área de abrangência da fronteira trinacional, o fotógrafo ítalo-argentino Daniel Di Monaco nos oferece "Alegro Andante", retrato produzido num evento cultural ocorrido em Pto. Iguazú, lado argentino.

Já Dieguito, vendedor ambulante que mora em Puerto Franco, Paraguai, colabora com um desenho chamado "Perrito". A ilustração dialoga com a crônica "Mês de cachorro louco", do jornalista iguaçuense-curitibano Fábio Campana, falando de agosto e suas agruras.

Duas artistas paraguaias também contribuem com a edição. A atriz e advogada de Ciudad del Este, Analia Gamez, nos oferece fotografias autorais, enquanto a jornalista e escritora Susy Delgado dispõe de sua poesia nas línguas guarani e espanhola.

A história da região ainda encontra respaldo – e registro – na foto da década de vinte, onde Harry Schinke retrata o movimento no porto oficial de Foz do Iguaçu, e mostra a mobilidade de produtos e culturas entre as cidades e países vizinhos, já naqueles distantes anos do século passado.

LONDRINENSES - Nesta Escrita 17, Fernanda Guellere retirou da simplicidade de um detalhe do cotidiano, a sutileza da imagem que ilustra a capa da revista. Pedagoga em Londrina, Fernanda clicou "o sapato com asas" durante uma visita ao Parque Estadual Mata dos Godoy, onde pretendia realizar uma exposição de trabalhos do projeto de arte-educação que ajuda a coordenar. Aliás, é desta mesma iniciativa cultural "pé vermelho", o estudante de ensino médio, Heber Barbosa, de 15 anos de idade, que expõe em xilogravura, diferentes sentimentos humanos, cauterizados pela arte em madeira.

O jovem Heber mostra a sua satisfação em publicar o seu material em uma revista. “É uma experiência muito inusitada para mim poder ter alguns de meus trabalhos publicados. É uma sensação indescritível a de saber que eles vão ser vistos por várias pessoas. Devo grande parte de tudo o que sei sobre arte ao projeto “Linguagens e Memórias”, durante os quatro anos em que eu participei eu pude aprender muita coisa sobre técnicas artísticas”, diz o estudante, referindo-se à formação em desenho, pintura, escultura, gravura e teatro, ministrada pelo projeto cultural.

Completando as contribuições de Londrina, a publicação conta poesias de Rakelly Calliari, jornalista e compositora, e a fotografia de Emerson Dias, este retratando grandiosidade do Rio Paraná, com o município de Foz do Iguaçu ao fundo, fruto de andanças e lembranças de sua estadia na fronteira.

OLHARES DISTANTES - Escrita traz, também, a fotografia “Movimento”, de Yuma Martellanz que integra uma reportagem que será editada especialmente por uma revista italiana e pela Escrita. Ela trata de uma experiência comunitária no norte da Agentina, promovida por uma ex-moradora de rua, Milagros Sala. Já "Copas de Leche" é um depoimento emocionado de Yuma sobre a perseverança de mestiços e índios, pois, esquecidos pelo capitalismo, eles resolvem criar seu próprio destino no movimento contra a ordem Tupac Amaru. Yuma Martellanz é italiana, e trabalha como cozinheira num veleiro que singra os oceanos. Quando de férias, vem à América do Sul interagir e documentar experiências dos povos originários.

Outros olhos fazem parte do mosaico que é a revista 17. A artista visual Fernanda Kozlowski , de São Paulo, partilha de uma fotografia retratando a Estação da Luz, feita a partir de uma câmera pinrole. A professora Juciela Miglioranza oferece um ensaio sobre a adega de seus antepassados, lá no interior do Rio Grande do Sul. E a uruguaia Tania Ravera, estudante de história da Unila traz uma fotografia que emoldura a poesia de seu conterrâneo, o consagrado Mario Benedetti.

Ainda da Unila são Bruno Martins, um estudante que se inicia no conto, e Alai Diniz, professora que nos oferece poesia.

O elenco se completa com dois convidados da região Norte do país, Emilson Ferreira, professor universitário em Rio Branco, Acre, e Vírginia Allan, escritora e bluseira em Manaus, Amazonas. Costurando a edição, a estudante de Psicologia em Montevidéu, Daiane Torres, descreve a experiência de uma madrugada nas ruas de Foz do Iguaçu, onde uma casualidade se tornou causalidade, provando a necessidade da disposição para se dialogar com as linguagens e identidades dos outros.

MÍDIA LIVRE – Esta edição da Revista Escrita circula com o selo “Pontos de Mídia Livre”, iniciativa do Ministério da Cultura (MinC), por meio do Programa Cultura Viva. Trata-se de um reconhecimento e incentivo, na forma de premiação, de iniciativas de comunicação livres e independentes existentes no país.

Através de edital de seleção pública, realizada em 2009, o MinC premiou 60 instituições brasileiras, dedicadas à comunicação compartilhada e participativa, fomentando tanto a veiculação e a circulação de conteúdos como a produção de materiais relacionados ao amplo campo da cultura e da comunicação.

Para acessar as versões eletrônicas da Revista Escrita: Clique AQUI!
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Fonte: Guatá/Paulo Bogler

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