sábado, 23 de junho de 2012

Língua e integração, na Revista Escrita 22

Língua e integração

Na Revista Escrita 22, texto em quechua
retrara a diversidade cultural da região.

A linguagem é um dos principais elementos de civilização do homem. Neste contexto, a língua é uma das primeiras manifestações culturais, resultado de heranças, trocas e mediações entre os seres. Comunicando-se, o indivíduo deu vazão à marcha da história, desenvolvendo a capacidade de elaborar, sistematizar, organizar, compartilhar, analisar e criar.

A cada edição, as páginas da Revista Escrita, publicação de literatura e arte mantida pela Associação Guatá, em Foz do Iguaçu, contribuem para fazer fluir esta babel de códigos e sotaques. Línguas diferentes e diferentes idiomas dentro das línguas representadas por vibrações particulares de segmentos específicos de falantes, pedem passagem para expressar o modo de falar dos povos da região e de outras gentes afastadas pela geografia mas aproximadas por veredas culturais de um mundo globalizado.

Nesta Escrita 22, que está em ciruclação um poema no idioma quechua, de autoria de Olger Tito, marca o compromisso da revista em pronunciar-se através de idiomas sem fronteiras. Este conjunto linguístico, que também poder ser denominado de quíchua, é um dos principais idiomas indígenas da América do Sul, empregado na comunicação em vários países e tido como uma das línguas oficiais do Perú, Bolívia e Equador. Estima-se que são mais de 10 milhões de falantes espalhados por pelo menos seis países.



O poema de Olger, peruano que veio cursar a universidade em Foz do Iguaçu, despertou a atenção e a curiosidade da jovem Jennifer de Melo, de 14 anos. “Não sabia que uma língua dessas era falada e escrita. E ainda mais que era oficial de um país vizinho do Brasil”, conta admirada, a estudante do primeiro ano do ensino médio.

Esta língua de origem indígena, assim com o guarani, é tema de oficinas e de atividades de extensão da comunidade acadêmica da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), instituição onde Olger estuda.

Desde os primeiros números, a Revista Escrita lança textos em diferentes línguas, entre eles, m´bya guarani (da família tupi-guarani), japonês, guarani, chinês, árabe, yopará (variação do guarani) inglês, francês e espanhol, além do português e seu conjunto de variações.

O estudante Cláudio Siqueira, aluno do curso de Antropologia da Unila, acredita que difundir línguas e idiomas diferentes, a Guatá ajuda a combater a xenofobia, ainda presente entre as pessoas que vivem em Foz do Iguaçu. “Conhecer a língua é conhecer parte importante da cultura. Isso ajuda a melhorar a aceitação do outro”, diz Siqueira, anotando algumas situações de preconceitos vividos por unileiros que vieram de outros países.




Na Escrita misturam-se expressões muito diversas, compondo
um mosaico interessante de linguagens e motivações para o ato de dizer.


Para o editor da Revista Escrita, Silvio Campana, a iniciativa da Guatá em publicar contribuições em várias linguas tem a intenção de retratar um pouco da diversidade étnico-cultural existente na cidade, onde se encontram mais de setenta etnias diferentes. “A publicação dos idiomas na revista pretende romper a ideia do exótico e recolocar a língua como instrumento da linguagem de um povo. O objetivo é aproximar o público do entendimento de que reconhecer a identidade cultural do outro é o primeiro ato verdadeiro de convivência e troca”, afirma Campana.

A Revista Escrita, editada a cada dois meses, reúne olhares, leitura e releituras diferenciadas da realidade. A publicação conta com colaboradores de Foz do Iguaçu e de diversas localidades do país, além de materiais enviados de outros países. Escritores e não escritores, fotógrafos, estudantes, profissionais das artes, estudantes, donas de casa, operários, todos são bem recebidos na revista. Escrita conta com a seção “Olhos”, dedicada às artes visuais e a sessão “Palavra”, que conta com poemas, contos, crônicas e textos de opiniões.

Para adquirir os exemplares da Revista Escrita, basta enviar um e-mail para o endereço guata@guata.com.br. O custo por edição é de R$ 5,00. Em Foz, a revista também é comercializada na Kunda Livraria, no Zeppelin Old Bar e no Sebo Cultural, empresas apoiadoras do projeto.

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Fonte: (Guatá/Paulo Bogler)

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